domingo, 12 de abril de 2020

MÓDULO 8 - CINE SOCIOLOGIA

 INTERATIVIDADE:

Fique ligado. Ao receber a charge no Grupo de Sociologia, faça o seu comentário.



1 - FILME:

 OPERAÇÃO SUPLETIVO: AGORA VAI!


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Desafio 1: Comente o que você mais gostou no filme acima.

Desafio 2: Como você continuaria a história do filme acima?





        2- VIDEO  Assista o recorte do vídeo “HISTÓRIA DAS COISAS” e responda abaixo:





  1.   Comente: O que você aprendeu ao assistir o vídeo? 
  2.       Comente: O que você sentiu após assistir o vídeo?
  3.       O que é ABSOLECÊNCIA PLANEJADA  ou  PROGRAMADA?

  4.       O que é ABSOLECÊNCIA PERCEPTIVA ou PERCEPTÍVEL?



                 

OBS: Caro aluno(a), favor enviar as respostas do QUESTIONÁRIO no meu e-mail SEDUC: guilherme.filho@escola.seduc.pa.gov.br, ou pelo Whatsapp (no PV) ou Telegram (no PV).





MÓDULO 7 - SOCIOLOGIA BRASILEIRA


 

          MODULO VII - SOCIOLOGIA BRASILEIRA





PESQUISAR na INTERNET ou em LIVROS. Fique a vontade.


Dentre os autores importantes do pensamento social brasileiro do século XX. Realizar pesquisa dos 4 (QUATRO) autores abaixo e faça UM BREVE RESUMO.


1. O pensamento social e Biografia de GILBERTO FREYRE.

2.O pensamento social e Biografia de SERGIO BUARQUE DE HOLANDA

3.O pensamento social e Biografia de CAIO PRADO JÚNIOR

4.O pensamento social e Biografia de FLORESTAN FERNANDES


OBS: Caro aluno(a), favor enviar as respostas no meu e-mail SEDUC: guilherme.filho@escola.seduc.pa.gov.br, ou pelo Whatsapp (no PV) ou Telegram (no PV).

Abaixo recorte de uma Publicação caso tenha dificuldade de pesquisar em outro material.

1. Gilberto Freyre foi um dos mais importantes sociólogos do Brasil, tendo construído uma obra inteiramente dedicada à análise das relações sociais no período colonial brasileiro e como essas relações contribuíram para a formação do povo brasileiro no século XX. Seu destaque deu-se por defender uma teoria de que a miscigenação formaria uma população melhor e mais forte, ao contrário do que pensavam as teorias etnocêntricas, higienistas e eugênicas dos antropólogos e intelectuais do século XIX e XX.

Enquanto era comum na época pensar que deveria haver uma pureza racial, Freyre caminha na contramão disso dizendo que a miscigenação é positiva. No entanto, a sua obra, apesar de ter uma base antirracista, contribuiu para as críticas aos movimentos antirracistas por ter formulado uma espécie de mito da democracia racial no Brasil colonial e no Brasil republicano, apontando a miscigenação como fundamento para essa ideologia.

Leia também: Surgimento da sociologia no Brasil e no mundo

Biografia de Gilberto Freyre


Gilberto Freyre, o antropólogo, sociólogo, escritor e político brasileiro que escreveu Casa-Grande e Senzala.

O antropólogo e sociólogo brasileiro Gilberto Freyre nasceu na cidade de Recife, Pernambuco, em 15 de março de 1900. De família tradicional na sociedade recifense, seu pai, Alfredo Freyre, era professor, advogado e juiz. Freyre estudou no antigo Colégio Americano Gilreath, atualmente Colégio Americano Batista, instituição de ensino tradicional dirigida por algum tempo por seu pai. Freyre despontou-se desde cedo como um talento para a literatura e as ciências humanas. Ainda no colégio, o sociólogo participou como editor e redator do jornal O Lábaro, produzido pelo Colégio Americano Gilreath.

Freyre estudou sociologia, mas não no Brasil, pois ainda não havia sido fundado o primeiro curso superior de sociologia no país, o que somente aconteceu em 1933. Em 1918 o intelectual partiu para os Estados Unidos, onde cursou, na Universidade de Baylor, o bacharelado em artes liberais e a especialização em ciências políticas e sociais. Na Universidade de Columbia, Freyre cursou o mestrado e o doutorado em ciências políticas, jurídicas e sociais, defendendo a tese de doutorado intitulada A vida social no Brasil em meados do século XIX.

Na década de 1920, ele retornou ao Brasil após os seus estudos nos Estados Unidos e várias viagens pela Europa, voltando também a residir em Recife. Em 1926 participou da formulação do Manifesto Regionalista, grupo contrário à Semana de Arte Moderna de 1922, de caráter nacionalista. Os regionalistas eram contra a “deglutição” da cultura europeia para formular uma cultura brasileira, defendida pelos modernistas, valorizando somente aquilo que era originalmente brasileiro.

Entre 1927 e 1930, Freyre foi chefe de gabinete do governador de Pernambuco, Estácio Coimbra, e, em 1933, no exílio político provocado pela Revolução de 1930 e com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, publicou o seu mais famoso livro: Casa-grande e Senzala. Em 1946 foi eleito deputado federal constituinte. Freyre recebeu vários prêmios e doutorados honoris causa e foi contemplado com o título de Cavaleiro do Império Britânico, concedido pela Rainha Elizabeth II, da Inglaterra.

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O que Gilberto Freyre defendia?

Freyre foi na contramão de quase todas as teorias antropológicas que surgiram no século XIX por meio de intelectuais como Herbert Spencer. As teorias antropológicas clássicas eram etnocêntricas e defendiam a supremacia da “raça” branca em relação às demais. Políticos e intelectuais brasileiros trouxeram tais ideias de “pureza racial” para o Brasil e tentaram, no início do século XX, um “branqueamento” da população brasileira como proposta para a melhoria da sociedade.

Para Gilberto Freyre, a miscigenação era positiva. Como estudioso de antropologia, Freyre era adepto das teorias do antropólogo alemão, radicado nos Estados Unidos, Franz Boas. Boas defendia que a cultura de um povo deveria ser estudada não em comparação à própria cultura do antropólogo, mas com uma imersão desse profissional naquela cultura como se fizesse parte dela. Isso permitiria ao estudioso olhá-la de perto e sem preconceitos.

Para Freyre, o Brasil colonial apresentou uma sociedade que miscigenou e integrou africanos, índios e brancos, e era isso que teria formado uma raça mais forte, mais intelectualmente capaz e com uma cultura mais elaborada.




Gilberto Freyre ainda recebe duras críticas por conta do conceito de democracia racial. [1]

·         Teorias de Gilberto Freyre

A teoria mais difundida de Gilberto Freyre perpassou toda a sua obra. Em Casa grande e senzala, ela começou a ser discutida, apesar de ainda não ter sido enunciada. Era a teoria da democracia racial, criticada por defensores da luta contra o racismo por apresentar-se como um mito de que havia democracia nas relações entre senhores e escravos no período colonial. Para Freyre, a miscigenação era um fator corroborativo para pensar-se em uma relação democrática entre senhores e escravos, apesar da relação de escravidão impregnada entre os dois.

Leia mais: Movimento negro: luta contra o racismo e pela igualdade social e de direitos do povo negro

Casa-Grande e Senzala

A obra Casa-Gande e Senzala foi a mais difundida de Gilberto Freyre, sendo traduzida para mais de 10 idiomas. A escrita do livro iniciou-se num momento em que o autor exilou-se em Portugal, por conta da divergência política com o novo governo de Getúlio Vargas, que chegou ao poder com um golpe em 1930.

Em Casa-Gande e Senzala, Freyre procurou sair do óbvio nas análises sociais: política, economia, sociedade em geral. Ele preferiu aprofundar-se em outros temas: vida doméstica, constituição familiar, formação das casas-grandes (onde viviam os senhores brancos) e senzalas (onde viviam os negros), para entender o engenho de açúcar e a propriedade rural como os centros do Brasil colonial.

Uma mistificação que Freyre ajudou a promover, talvez por influência de seu professor de antropologia em Columbia, foi a de que a miscigenação e a localização geográfica do Brasil (na linha tropical) eram fatores negativos que colocavam o país em uma posição inferior à Europa. A teoria da democracia racial trata-se de uma mistificação ideológica que Freyre, infelizmente, ajudou a construir baseado na ideia errônea de que a relação entre senhores e escravos era pacífica, que os índios aceitaram a colonização de maneira pacífica e que isso promoveu uma relação democrática e a miscigenação.

Essa visão freyreana, apesar de ter algum valor para o entendimento da vida colonial no Brasil, não se concretiza. As análises atuais sobre a desigualdade social, inclusive, associam verdadeiramente a desigualdade e a exclusão com a questão social. Talvez o ponto de partida de Freyre que o levou a formular a teoria da democracia racial (e que era a relação racial explicitamente segregacionista dos Estados Unidos) tenha o levado a perceber uma democracia racial no Brasil por haver nele uma relação mais branda entre negros e brancos.

No entanto, o racismo velado e estrutural nunca deixou de existir por aqui, e a desigualdade social mostra-se como um fator fortemente provocado pela escravidão e pela relação de submissão à qual negros e índios foram obrigados pelo homem branco. Portanto, a tese principal de Casa-Gande e Senzala parece não se sustentar, ao passo que o livro constitui uma interessante ferramenta para a compreensão da vida cotidiana da sociedade colonial.

 

2. Sérgio Buarque de Holanda foi um grande historiador brasileiro, crítico literário, jornalista, acadêmico reconhecido e requisitado em importantes universidades brasileiras e estrangeiras. Seu livro Raízes do Brasil é um clássico da historiografia brasileira e uma obra basilar de estudos sociológicos. Buarque de Holanda introduziu o estudo de Max Weber no Brasil e, baseado em sua teoria, desenvolveu o conceito de “homem cordial”, que, décadas depois, continua sendo um modelo explicativo do homem brasileiro.

 

 

 

2. Biografia de Sérgio Buarque de Holanda

Nasceu em São Paulo, em 1902. Era filho de Cristóvão Buarque de Hollanda Cavalcanti, farmacêutico e professor universitário, e Heloísa Gonçalves Moreira Buarque de Hollanda, dona de casa. Seu pai era pernambucano, e sua mãe, fluminense. Nascido em uma família de classe média, Sérgio Buarque estudou nas melhores escolas de São Paulo, desfrutando de uma formação abrangente e humanista.

Aos 18 anos começou a escrever para o Correio Paulistano. Nesse período, participou do movimento modernista e aproximou-se de figuras centrais nesse movimento, como Mário de Andrade e Oswald de Andrade.

Em 1921 mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde cursou Direito na Universidade do Brasil (1925). Continuou em contato com o movimento modernista, atuando na revista Klaxon e na revista Estética. Seguiu trabalhando como jornalista, crítico literário e editor.




Sérgio Buarque de Holanda foi um dos maiores intelectuais brasileiros do século XX.

Em 1929 mudou-se para Berlim como enviado especial d’O Jornal, para cobrir o desenrolar dos fatos na Alemanha, Polônia e União Soviética. Nessa época aprofundou seus estudos em História e Ciências Sociais, bem como na leitura de autores alemães. Traduziu filmes alemães para o português e escreveu para a Revista Duco, publicação brasileira vinculada à Câmara de Comércio Brasil-Alemanha |1|.

No contexto de ascensão do nazismoretornou ao Brasil em 1931, com uma grande bagagem intelectual e com reflexões manuscritas que seriam a base de seu principal projeto historiográfico, o livro Raízes do Brasil. Em 1936 assumiu a vaga de professor de História da América e Cultura Luso-Brasileira na Universidade do Rio de Janeiro, que era a capital do Brasil.

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Sérgio Buarque de Holanda casou-se, em 1936, com Maria Amélia Alvim Buarque de Holanda, conhecida como Memélia, com quem esteve unido por toda a vida. Com ela, teve sete filhos: Heloísa Maria, Sérgio, Álvaro Augusto, Francisco, Maria do Carmo, Ana Maria e Maria Cristina. No meio artístico, destacaram-se o cantor, compositor e escritor Chico Buarque; a cantora, consagrada pela bossa nova, Miúcha (Heloísa Maria); e a ex-ministra da Cultura Ana de Holanda.

Colaborou como crítico literário para diversos jornais e revistas, como o Estado de S. Paulo, e cooperou com a fundação da Associação Brasileira de Escritores, em 1942, da qual, posteriormente, foi presidente. Também nesse período trabalhou no Instituto Nacional do Livro e na Biblioteca Nacional.

Em 1946, a família retornou para São Paulo e Sérgio Buarque passou a lecionar na Escola Paulista de Sociologia e Política, bem como passou a dirigir o Museu Paulista.

No início dos anos 50, foi professor de Estudos Brasileiros na Universidade de Roma, permanecendo por dois anos na Itália. Em 1957, após apresentação da sua segunda obra de maior relevância, Visão do Paraísoassumiu a cátedra de História da Civilização Brasileira na Universidade de São Paulo (USP), onde criou o Instituto de Estudos Brasileiros (IMB), em 1962, e permaneceu até 1969, quando se desligou em protesto ao Ato Institucional nº 5, que havia cassado alguns dos seus colegas professores. Participou do Centro Brasil Democrático, grupo opositor à ditadura militar.

Aposentado, continuou atuando como tradutor, articulista de jornais, ensaísta, coordenador de uma série de livros sobre a história da civilização brasileira. Foi também professor convidado em universidades estrangeiras, como a Universidade de Nova York (1965), Universidade de Columbia (1965), Universidade de Yale (1966) e Harvard (1966). Ao final da década de 70, atuou na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).

Sérgio Buarque de Holanda faleceu em 1982, aos setenta e nove anos. Foi um dos maiores pensadores brasileiros do século XX, reconhecido e prestigiado nacional e internacionalmente.

Veja também: Paulo Freire: grande nome da educação brasileira que também foi perseguido e exilado

Sérgio Buarque de Holanda na Sociologia

O surgimento da Sociologia no Brasil é marcado por dois grandes ciclos. O primeiro ciclo, denominado pré-científico, ocorreu na segunda metade do século XIX, durante o Segundo Reinado, quando ainda não havia universidades no Brasil e o estudo no âmbito das ciências humanas era feito por juristas e literatos, na intenção de compreender a cultura brasileira, a identidade nacional e a formação de nossa sociedade.

A década de 1930, com o surgimento da primeira universidade (USP), tornou-se o período de transição para o segundo grande ciclo, em que o intercâmbio com professores e estudiosos de outros países, bem como a formação de estudantes nessa disciplina, propiciou a produção de uma Sociologia científica, especializada, metódica e diversificada. Nesse período de transição entre os dois grandes ciclos, duas obras fundamentais foram produzidas: Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, e Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda.

Sérgio Buarque de Holanda introduziu o estudo de Max Weber no Brasil. Weber, um dos três principais expoentes da Sociologia Clássica, desenvolveu sua teoria por meio de tipos ideais, marcados por um conjunto de características a partir das quais a realidade poderia ser analisada conforme se aproximasse mais de um tipo ou de outro.


Max Weber foi um dos pilares da Sociologia Clássica.

Influenciado por esse método de análise, Sérgio Buarque de Holanda desenvolveu o conceito do homem cordial, um modelo de análise do brasileiro em suas relações sociais e políticas. Sua interpretação histórica do Brasil foi e ainda é a narrativa hegemônica sobre o que é o Brasil nas ciências humanas. Historiográfico e analítico, o livro Raízes do Brasil faz um diagnóstico histórico e social, aponta um caminho para a construção de uma nação moderna, liberal e democrática, bem como capta o tensionamento entre continuidade e mudança da sociedade brasileira.

Suas obras:

·         Raízes do Brasil (1936)

·         Cobra de Vidro (1944)

·         Monções (1945)

·         Expansão Paulista em Fins do Século XVI e Princípio do Século XVII (1948)

·         Caminhos e Fronteiras (1957)

·         Visão do Paraíso: Os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil (1959)

·         Do Império à República (1972)

·         Tentativas de Mitologia (1979)

·         O Extremo Oeste (1986 – postumamente)

Algumas coletâneas com textos publicados em jornais também foram lançadas após sua morte. Sua pesquisa acurada e meticulosa se desenvolvia durante anos, por isso suas obras geralmente são separadas por um considerável espaço de tempo entre uma publicação e outra.

·         Raízes do Brasil.

Contraponto

A interpretação do Brasil realizada por Sérgio Buarque de Holanda foi responsável não só por explicá-lo, mas também por construí-lo. A imagem que hoje temos do que somos enquanto brasileiros passa pela leitura que esse autor fez do Brasil. Embora seja um clássico da Sociologia brasileira e tenha influenciado gerações de intelectuais, sua perspectiva não é unânime. O sociólogo contemporâneo Jessé Souza, por meio de seu livro A Elite do Atraso, faz uma releitura crítica do clássico Raízes do Brasil.

 

3. Caio Prado Júnior foi um escritor, historiador, político, sociólogo, economista, filósofo e editor de livros brasileiro. Considerado um dos principais pensadores sobre a formação da sociedade brasileira contemporânea, o polímata formou-se em Direito e dedicou-se a entender como o Brasil tornou-se o país que era no século XX.

Dono de uma vasta obra sociológica, econômica e historiográfica, o pensador atuou no meio político de seu país, sendo um dos articuladores da Revolução de 1930, foi livre-docente em Economia Política pela Universidade de São Paulo e fundou, junto a Arthur Neto, Maria José Dupré e Monteiro Lobato, a Editora Brasiliense. É considerado um dos grandes intérpretes do Brasil, junto a Gilberto FreyreSérgio Buarque de Holanda e Florestan Fernandes.

Biografia de Caio Prado Júnior

Caio Prado Júnior nasceu em 11 de fevereiro de 1907, em uma influente família de políticos paulistanos, ligados aos mais tradicionais meios sociais da época. Sua primeira formação foi orientada por um professor particular dos filhos da elite da época. Em 1918, o sociólogo ingressou no tradicional Colégio Jesuíta São Luís, em São Paulo, para a sua formação secundária. Em 1920, por problemas de saúde de um dos seus irmãos, a família morou em Eastbourn, na Inglaterra, onde o jovem pensador frequentou o Colégio Chelmsford Hall durante o ano. Ao regressarem para o Brasil, Prado retorna ao Colégio São Luís, onde concluiu os estudos básicos.


“Formação do Brasil Contemporâneo” é o principal livro de Caio Prado Júnior. [1]

Em 1928, Prado obteve seu diploma de bacharelado em direito pela Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, instituição mais tarde incorporada à Universidade de São Paulo (USP). Como estudante universitário, Prado estudou política e começou a aventurar-se pela escrita de artigos sobre política, direito e economia.

Ao formar-se, advogou por um tempo, mas não levou a advocacia como profissão para a sua vida. A época em que ele viveu sua juventude, décadas de 1920 e 1930, foi de grande efervescência política e cultural no Brasil. Também no ano de 1928, o então advogado entrou de vez na vida política, filiando-se ao Partido Democrático.

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Em 1930, o pensador participou das articulações do golpe que levaria Getúlio Vargas à presidência e colocaria fim na chamada “Velha República” brasileira, ou República Oligárquica “Café com Leite”.

Nos anos seguintes, ele passou a compor a Aliança Nacional Libertadora (ANL), uma frente ampla de resistência contra o fascismo e contra a Ação Integralista Brasileira, um movimento de orientação fascista, ultraconservador e ultranacionalista que surgiu no Brasil em 1932. A ANL tinha orientação comunista marxista, foi fundada em 1934 como resposta à crescente onda conservadora no país, e Caio Prado chegou à frente por conta de sua filiação ao Partido Comunista Brasileiro, que ocorreu no início da década de 1930.

Em 1931, nasceu seu filho Caio Graco. Nesse mesmo ano, Prado afastou-se da república instaurada por Getúlio Vargas, muito decepcionado com os rumos que o país estava tomando. É nessa época que ele se filia de vez ao Partido Comunista Brasileiro e passa a fazer oposição ao regime ditatorial getulista, que mais tarde teve proximidades com o fascismo italiano e com o nazismo alemão.

Em 1933, Caio Prado viajou para a União Soviética, já comandada por Stálin. Nesse mesmo ano, ele publicou o seu primeiro livro, Evolução política do Brasil, e no ano seguinte, publicou o livro URSS – um novo mundo.

Em 1934, com a fundação da Universidade de São Paulo, Prado atuou como pesquisador na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, aproximando-se dos departamentos de História e Geografia da universidade, e participando da fundação da Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB). Em 1935, o pensador tornou-se presidente da ANL, o que motivou a sua prisão política por dois anos. Em 1937 exilou-se na Europa, retornando ao Brasil em 1939.

Em 1942, ele publicou o livro que viria a ser o mais importante de sua obra, Formação do Brasil contemporâneo. Esse livro colocou-o no hall dos grandes intérpretes do Brasil, ao traçar a historiografia brasileira por meio de um viés materialista histórico, mas com um pensamento próprio e original do autor.

De volta ao Brasil, sua participação política tornou-se mais intensa, o que levou Prado a obter mais espaço dentro do Partido Comunista, apesar de a direção nacional do partido não permitir que o pensador ocupasse espaço demais. Em 1943, Caio Prado entra em sociedade com a escritora Maria José Dupré e com os escritores Monteiro Lobato e Arthur Neto na fundação da Editora Brasiliense, que existe até hoje.

Em 1945, Caio Prado foi eleito Deputado Estadual de São Paulo como suplente do PCB, e em 1947 foi eleito Deputado da Assembleia Constituinte do Estado. Apesar da eleição de Prado e de outros membros do PCB, após, um decreto do presidente Dutra cassou a inscrição do partido e colocou-o na ilegalidade, cassando então o mandato dos deputados eleitos, e entre eles estava o de Caio Prado Júnior.

O polímata brasileiro passou a dedicar-se mais ao mercado editorial, estando à frente da Editora Brasiliense após a morte de Monteiro Lobato, em 1948, e estando à frente da Gráfica Urupês, pertencente à editora, e da Revista Brasiliense. Em 1954, Prado participou do concurso para a cátedra de livre docência de economia política na Faculdade de Direito da USP com a tese Diretrizes para uma política econômica brasileira. O título de livre-docente foi conferido ao pensador, mas, por questões políticas, ele não pôde assumir o cargo. A tentativa de ingresso na carreira acadêmica continuou por parte de Prado, mas ele nunca conseguiu por ser filiado ao PCB.

Em 1964, a Revista Brasiliense foi fechada pelo governo ditatorial que se instalou em nosso país naquele ano. Caio Prado exilou-se no Chile e retornou ao Brasil. Após seu regresso, o historiador e sociólogo, já reconhecido como um dos maiores pensadores do Brasil, foi preso e condenado em 1970 por subversão por conta de uma entrevista que ele havia concedido ao Jornal da USP em 1968. Sua pena foi a máxima para o tipo de crime, seis anos e meio. Em 1971, ele conseguiu um habeas corpus após recorrer ao Supremo Tribunal Federal.

Caio Prado Júnior faleceu em São Paulo, aos 83 anos de idade, em 23 de novembro de 1990.

Leia também: Darcy Ribeiro – outro pensador essencial das ciências humanas do Brasil

Ideias e contribuições de Caio Prado Júnior

O pensador brasileiro é considerado um dos maiores intérpretes do Brasil. Intérpretes do Brasil são historiadores e sociólogos que, a partir do século XX, dedicaram-se a compreender a complexa formação histórica e social de nosso país.

Com uma leitura embasada pelo materialismo histórico dialético de Marx, Caio Prado realizou uma verdadeira revisão no curso histórico brasileiro, estabelecendo os pontos do período colonial que moldaram o Brasil contemporâneo. Apesar da influência das ideias de Marx, o pensamento do historiador e sociólogo é completamente original.

Ele operou um revisionismo histórico que centrava no trabalhador brasileiro o conjunto de fatos que moldaram a nossa sociedade. Para o pensador, era necessário operar uma revolução social amparada no preparo dos trabalhadores por meio da consciência de classe e de uma significativa melhora estrutural na condição geral do trabalho e dos trabalhadores.

Em vista dessa intenção de reorganizar o conhecimento historiográfico sobre o Brasil desde o período colonial com uma visão amparada pela dialética materialista, Caio Prado Júnior enxergou a continuidade e a sobreposição de efeitos de cada período de nossa história.

Isso significa dizer que o Brasil contemporâneo era reflexo do Brasil Imperial e do Brasil Colonial. O período imperial também era reflexo do período anterior, ou seja, o colonial. Dessa forma, o que vivenciamos no momento presente é um reflexo de vários acontecimentos históricos passados, não num sentido progressista, mas num sentido material direcionado pelo acaso.

Assim, as estruturas de poder foram preservadas, e estudar a história brasileira para Caio Prado Júnior deve ser entendido como um passo para mudar a sociedade, transformá-la e distribuir o poder entre as camadas populares, o que ocasionaria em uma sociedade mais justa e igualitária. No fundo, o que Prado Júnior enxergou é que a visão econômica sempre predominou sobre o cenário brasileiro, o que resultou na formação de um país tão desigual.

·         Sentido da colonização

A nova leitura de Caio Prado Júnior encontra na colonização brasileira as bases para a formação do Brasil contemporâneo, enxergando de um modo diferente a relação entre a América e a Europa. O homem branco europeu, segundo Prado, não tinha aptidão para viver e trabalhar nos trópicos, logo, os colonizadores buscaram na escravidão a mão de obra para atuar aqui. Assim, desenvolveu-se um modelo de exploração colonial escravista.


“História econômica do Brasil” é a principal obra de economia embasada pelo marxismo escrita por Caio Prado Jr. [1]

Além disso, o próprio modelo de colonização é ímpar e tem direta relação com a formação do Brasil contemporâneo: na visão de Caio Prado, a colonização brasileira foi baseada na exploração, e não na povoação (como ocorreu nos Estados Unidos). Hoje, essa leitura dualista (exploração ou povoação) está um pouco ultrapassada, pois o modelo de colonização brasileiro assentou-se nessas duas motivações.

Veja mais: Democracia racial – conceito bastante distante da realidade presente na obra de Freyre

Obras de Caio Prado Júnior

O historiador, sociólogo, filósofo e escritor brasileiro Caio Prado Júnior escreveu e publicou mais de 17 livros, além de artigos científicos, artigos jornalísticos, críticas e crônicas. Suas obras mais importantes ou mais difundidas estão descritas a seguir:

·         Formação do Brasil contemporâneo: publicado em 1942,

·         História econômica do Brasil.

·         URSS – um novo mundo:

·         O que é liberdade.

·         O que é filosofia.

 

4. Florestan Fernandes foi um sociólogo, antropólogo, escritor, político e professor brasileiro. De origem humilde, o intelectual brasileiro trilhou os primeiros 20 anos de sua carreira na Universidade de São Paulo até o ano em que foi exilado por conta da promulgação do AI-5. Fernandes dedicou-se, no início de sua carreira, ao estudo etnológico dos índios tupinambá. Após a década de 1950, o sociólogo passou a estudar os resquícios da escravidão, o racismo e a difícil inserção da população negra na sociedade altamente dominada por pessoas brancas.

Leia também: Paulo Freire: grande nome da educação brasileira que também foi perseguido e exilado

Biografia de Florestan Fernandes

Florestan Fernandes nasceu na cidade de São Paulo, em 22 de julho de 1920. Sua mãe era imigrante portuguesa e teve apenas Florestan como filho. Sua madrinha ajudou em sua criação, despertando no jovem o interesse pelos estudos e pela leitura. Parte da sua infância e de sua juventude aconteceu nos cortiços das periferias de São Paulo, o que o colocou em contato direto com a sua origem.

No terceiro ano do curso primário, que hoje equivale ao Ensino Fundamental, Florestan abandonou os estudos e foi trabalhar para ajudar a mãe. Trabalhou como engraxate, em um restaurante e em uma padaria. Com 17 anos, o jovem voltou a estudar, fazendo uma espécie de curso de normalização extensivo, no qual concluiu o equivalente a sete anos de estudo em três anos.

Florestan Fernandes (em pé), o grande sociólogo e antropólogo que denunciou a exclusão social e racial no Brasil. [1]Florestan Fernandes (em pé), o grande sociólogo e antropólogo que denunciou a exclusão social e racial no Brasil. [1]

Em 1941, com 21 anos de idade, Florestan Fernandes começou o seu bacharelado em ciências sociais na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo (USP). Em 1943 ele obteve a graduação, e em 1944 obteve a licenciatura em ciências sociais. Entre 1944 e 1946, o sociólogo cursou o mestrado em antropologia pela Escola Livre de Sociologia e Política, instituição vinculada à Universidade de São Paulo, iniciando sua pesquisa etnográfica sobre os índios tupinambá.

Em 1945 ingressou como professor no Ensino Superior, sendo professor assistente do professor Fernando Azevedo, seu orientador de mestrado e doutorado, na USP. Na mesma época, filiou-se ao extinto Partido Socialista Revolucionário (PSR). Em 1947, Florestan defendeu sua dissertação de mestrado intitulada A organização social dos tupinambá. Em 1951 o sociólogo defendeu sua tese de doutorado, na USP, intitulada A função social da guerra na sociedade tupinambá.

Em 1953, Florestan Fernandes tornou-se professor titular interino da USP, ocupando a cadeira do sociólogo francês Roger Bastide. Em 1964, Fernandes tornou-se livre docente da mesma faculdade em que se formou, com a defesa da tese intitulada A inserção do negro na sociedade de classes.

Em 1964 foi preso por conta de sua atuação política e docente quando estourou o golpe militar brasileiro. Em 1969, foi novamente preso, teve seu cargo público cassado e foi exilado, indo viver no Canadá e nos Estados Unidos, tendo lecionado em diversas universidades no exterior. Em 1972, Fernandes voltou ao Brasil. Em 1977, ele foi professor convidado na Universidade de Yale, e no mesmo ano voltou novamente ao Brasil porque foi contratado como professor titular pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a PUC-SP.

Entre 1987 e 1994, Florestan Fernandes exerceu dois mandatos como deputado federal eleito pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Sua atuação política deu-se a favor da redução da desigualdade social no Brasil e da melhoria da educação pública. Florestan Fernandes participou das primeiras discussões e da formulação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), que foi promulgada em 1996 e registrada como Lei 9.394/96.

Em 1994, Florestan Fernandes precisou ser submetido a um transplante de fígado e não obteve sucesso, falecendo em 10 de Agosto de 1995, aos 75 anos de idade.

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Ideias de Florestan Fernandes

Florestan Fernandes foi um estudioso das relações étnico-raciais no Brasil, tendo estudado primeiro os índios tupinambá e depois os negros, sempre na perspectiva da dificuldade da integração democrática desses povos não brancos na cultura brasileira branca. Em um Brasil que visava a industrialização e a modernidade, e que havia deixado para trás o colonialismo e a escravidão, fazia-se necessário buscar um modo de compreender a exclusão social e as estruturas que permitem a exclusão, sobretudo de pobres e negros, para buscar algum modo de alcançar essa situação.


Para Florestan Fernandes, a escravidão deixou um legado de exclusão da população negra.

·         Desigualdade social: Florestan Fernandes viveu a desigualdade contra os pobres e moradores da periferia. O sociólogo chegou a contar que, mesmo com a influência de sua madrinha, os empregos que conseguiu quando jovem eram estigmatizados e nada melhor era oferecido a quem morava nos guetos de São Paulo. Havia uma desconfiança daquela gente. A desigualdade social marcou a sua infância, e, na sua visão, superar essa desigualdade era a única possibilidade da nossa sociedade progredir moralmente.

·         Educação: o único modo de conseguir-se uma sociedade justa e livre da desigualdade social era, segundo Fernandes, por meio da educação pública e de qualidade. Fernandes foi amigo e colega profissional do também sociólogo e antropólogo Darcy Ribeiro. Juntos, os dois elaboraram projetos de valorização da educação básica e contribuíram com a formulação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira.

·         Democracia: defensor de um ensino democrático, de uma democracia das relações sociais e do acesso aos serviços básicos garantidos a todos os cidadãos, Fernandes era um democrata. Sobretudo foi defensor de relações democráticas entre negros e brancos no Brasil. A teoria de Gilberto Freyre de convívio harmonioso entre negros e brancos no Brasil, chamada por Fernandes de “mito da democracia racial”, nunca existiu em um país como o Brasil, que não conseguiu incluir o negro em sua sociedade capitalista.

Veja também: Cotas raciais – medidas que visam à democratização da educação superior pública

A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica

Esse livro de Florestan Fernandes foi publicado em 1975 e lança uma tese que vai na contramão de muitas teorias sociológicas existentes até então. Seu autor defende a existência de uma revolução burguesa no Brasil, um país dominado por outros países no processo colonial. Era um pensamento comum na sociologia que as revoluções burguesas somente teriam ocorrido nos países em que dominavam as relações coloniais e imperialistas.

Nessa obra, a identidade social do Brasil formou-se com base em um conjunto de relações entre dominantes e dominados e na evolução do capitalismo brasileiro. Os grandes problemas encontrados no Brasil são, para Fernandes, os grandes problemas do capitalismo: a exclusão, a desigualdade social, a exploração da burguesia sobre o proletariado e as consequências do racismo.

formação social do Brasil era a de um povo feito de subalterno no processo capitalista, sendo que o capitalismo aqui não se desenvolveu do mesmo modo como o foi na Europa e nos Estados Unidos. Para Fernandes, era necessário entender essa complexa cadeia estrutural para compreender a formação sociológica brasileira.

Fonte: Recorte de:
brasilescola.uol.com.br 

Crédito de imagem

[1] Domínio público / Acervo Arquivo Nacional

 Por Francisco Porfírio
Professor de Sociologia

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PORFíRIO, Francisco. "Florestan Fernandes"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/florestan-fernandes.htm. Acesso em 25 de fevereiro de 2021.